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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Doação de medula ossea

O que é medula óssea?
É um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecida popularmente por 'tutano'. Na medula óssea são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. As hemácias transportam o oxigênio dos pulmões para as células de todo o nosso organismo e o gás carbônico das células para os pulmões, a fim de ser expirado. Os leucócitos são os agentes mais importantes do sistema de defesa do nosso organismo e nos defendem das infecções. As plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.

Qual a diferença entre medula óssea e medula espinhal?

Enquanto a medula óssea, como descrito anteriormente, é um tecido líquido que ocupa a cavidade dos ossos, a medula espinhal é formada de tecido nervoso que ocupa o espaço dentro da coluna vertebral e tem como função transmitir os impulsos nervosos, a partir do cérebro, para todo o corpo.

O que é transplante de medula óssea?

É um tipo de tratamento proposto para algumas doenças que afetam as células do sangue, como leucemia e linfoma. Consiste na substituição de uma medula óssea doente, ou deficitária, por células normais de medula óssea, com o objetivo de reconstituição de uma nova medula saudável. O transplante pode ser autogênico, quando a medula vem do próprio paciente. No transplante alogênico a medula vem de um
doador. O transplante também pode ser feito a partir de células precursoras de medula óssea, obtidas do sangue circulante de um doador ou do sangue de cordão umbilical.


Quando é necessário o transplante?

Em doenças do sangue como a Anemia Aplástica Grave, Mielodisplasias e em alguns tipos de leucemias, como a Leucemia Mielóide Aguda, Leucemia Mielóide Crônica, Leucemia Linfóide Aguda. No Mieloma Múltiplo e Linfomas, o transplante também pode ser indicado.

Anemia Aplástica: É uma doença que se caracteriza pela falta de produção de células do sangue na medula óssea. Apesar de não ser uma doença maligna, o transplante surge como uma saída para 'substituir' a medula improdutiva por uma sadia.

Leucemia:
É um tipo de câncer que compromete os glóbulos brancos (leucócitos), afetando sua função e velocidade de crescimento. Nesses casos, o transplante é complementar aos tratamentos convencionais.



Como é o transplante para o doador?
Antes da doação, o doador faz um rigoroso exame clínico incluindo exames complementares para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.
Leia mais sobre a doação de medula.


Como é o transplante para o paciente?

Depois de se submeter a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a própria medula, o paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Essa nova medula é rica em células chamadas progenitoras que, uma vez na corrente sangüínea, circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem. Durante o período em que estas células ainda não são capazes de produzir glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas em quantidade suficiente para manter as taxas dentro da normalidade, o paciente fica mais exposto a episódios infecciosos e hemorragias. Por isso, deve ser mantido internado no hospital, em regime de isolamento. Cuidados com a dieta, limpeza e esforços físicos são necessários. Por um período de duas a três semanas, o paciente necessitará ser mantido internado e, apesar de todos os cuidados, os episódios de febre muito comuns. Após a recuperação da medula, o paciente continua a receber tratamento, só que em regime ambulatorial, sendo necessário em alguns casos o comparecimento diário ao Hospital-dia.


Quais os riscos para o paciente?

A boa evolução durante o transplante depende de vários fatores: o estágio da doença (diagnóstico precoce), o estado geral do paciente, boas condições nutricionais e clínicas, além, é claro, do doador ideal. Os principais riscos se relacionam às infecções e às drogas quimioterápicas utilizadas durante o tratamento. Com a recuperação da medula, as novas células crescem com uma nova 'memória' e, por serem células da defesa do organismo, podem reconhecer alguns órgãos do indivíduo como estranhos. Esta complicação, chamada de doença enxerto contra hospedeiro, é relativamente comum, de intensidade variável e pode ser controlada com medicamentos adequados. No transplante de medula, a rejeição é rara.


Quais os riscos para o doador?

Os riscos são poucos e relacionados a um procedimento que necessita de anestesia, sendo retirada do doador a quantidade de medula óssea necessária (menos de 15%). Dentro de poucas semanas, a medula óssea do doador estará inteiramente recuperada. Uma avaliação pré-operatória detalhada verifica as condições clínicas e cardiovasculares do doador visando a orientar a equipe anestésica envolvida no procedimento operatório.

O que é compatibilidade?

Para que se realize um transplante de medula é necessário que haja uma total compatibilidade entre doador e receptor. Caso contrário, a medula será rejeitada. Esta compatibilidade é determinada por um conjunto de genes localizados no cromossoma 6, que devem ser iguais entre doador e receptor. A análise de compatibilidade é realizada por meio de testes laboratoriais específicos, a partir de amostras de sangue do doador e receptor, chamados de exames de histocompatibilidade. Com base nas leis de genética, as chances de um indivíduo encontrar um doador ideal entre irmãos (mesmo pai e mesma mãe) é de 25%.

O que fazer quando não há um doador compatível?

Quando não há um doador aparentado (geralmente um irmão ou parente próximo, geralmente um dos pais), a solução para o transplante de medula é fazer uma busca nos registros de doadores voluntários, tanto no REDOME (o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) como nos do exterior. No Brasil a mistura de raças dificulta a localização de doadores compatíveis. Mas hoje já existem mais de 12 milhões de doadores em todo o mundo. No Brasil, o REDOME tem mais de 1 milhão e 400 mil doadores.

O que é o REDOME?
Para reunir as informações (nome, endereço, resultados de exames, características genéticas) de pessoas que se voluntariam a doar medula para pacientes que precisam do transplante foi criado o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), instalado no Instituto Nacional de Câncer (INCA). Um sistema informatizado cruza as informações genéticas dos doadores voluntários cadastrados no REDOME com as dos pacientes que precisam do transplante. Quando é verificada compatibilidade, a pessoa é convocada para realizar a doação.

Doação de Medula Óssea

O número de doadores voluntários tem aumentado expressivamente nos últimos anos. Em 2000, existiam apenas 12 mil inscritos. Naquele ano, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores eram brasileiros localizados no Redome. Agora há 1,6 milhão de doadores inscritos e o percentual subiu para 70%. O Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos registros dos Estados Unidos (5 milhões de doadores) e da Alemanha (3 milhões de doadores). A evolução no número de doadores deveu-se aos investimentos e campanhas de sensibilização da população, promovidas pelo Ministério da Saúde e órgãos vinculados, como o INCA. Essas campanhas mobilizaram hemocentros, laboratórios, ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade em geral. Desde a criação do REDOME, em 2000, o SUS já investiu R$ 673 milhões na identificação de doadores para transplante de medula óssea. Os gastos crescerem 4.308,51% de 2001 a 2009.

Quantos hospitais fazem o transplante no Brasil?
São 61 centros para transplantes de medula óssea e 17 para transplantes com doadores não-aparentados: Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco, Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ), INCA, Hospital das Clínicas Porto Alegre, Casa de Saúde Santa Marcelina, Boldrini, GRAAC, Escola Paulista de Medicina - Hospital São Paulo, Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), Hospital AC Camargo, Fundação E. J. Zerbini, Hospital de Clínicas da UNICAMP, Hospital Amaral Carvalho, Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital Sírio Libanês.

Quantos transplantes o INCA faz por mês?
A média é de dois transplantes com doadores não-aparentados. Mensalmente são realizados sete transplantes do tipo autólogo (de uma pessoa para si mesma) e com doador aparentado.

O que a populãção pode fazer para ajudar os pacientes?

Todo mundo pode ajudar. Para isso é preciso ter entre 18 e 55 anos de idade e gozar de boa saúde. Para se cadastrar, o candidato a doador deverá procurar o hemocentro mais próximo de sua casa, onde será agendada uma entrevista para esclarecer dúvidas a respeito das doações e, em seguida, será feita a coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para a tipagem de HLA (características genéticas importantes para a seleção de um doador). Os dados do doador são inseridos no cadastro do REDOME e, sempre que surgir um novo paciente, a compatibilidade será verificada. Uma vez confirmada, o doador será consultado para decidir quanto à doação. O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, realizado em ambiente cirúrgico, feito sob anestesia geral, e requer internação de, no mínimo, 24 horas.
Saiba mais.

Importante: um doador de medula óssea deve manter seu cadastro sempre atualizado. Caso haja alguma mudança de informação, preencha este formulário.

REDOME - Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea
Rua do Resende, 195, térreo - Centro - Rio de Janeiro / RJ
Telefone: (21) 3207-5238
e-mail:
redome@inca.gov.br


Leia mais sobre o
Centro de Transplante de Medula Óssea do INCA


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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ONDE SE ENCONTRAM OS VALORES MORAIS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA?



ONDE SE ENCONTRAM OS VALORES MORAIS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA?


Os países lutam para ter ou manter o controle de matérias primas, fontes de energia, terras, bacias fluviais, passagens marítimas e outros recursos ambientais básicos. Nessa luta, surgem conflitos que tendem a aumentar à medida que os recursos escasseiam e aumenta a competição por eles. Estamos na iminência de desastres ecológicos de consequências imprevisíveis, em face da rota de colisão do homem com a Natureza. Nos EUA, os furacões vão estremecendo as estruturas da sociedade americana; no Japão, tsunamis e terremotos desencadearam o pavor no povo nipônico; no Chile, o vulcão cuspiu sua força incandescente; no Rio de Janeiro e no Nordeste brasileiro, as tempestades destruíram milhares de vidas e bens.
Na época de Kardec existia cerca de 1,5 bilhão de habitantes na Terra e estima-se que atingiremos, pelo menos, 11 bilhões daqui a poucas dezenas de anos. Daqui a três anos haverá cerca de 600 milhões de bocas a mais para se alimentar. A Fome já castiga mais de 1 bilhão de pessoas. Para os Espíritos, “a Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele a emprega no supérfluo o que poderia ser empregado no necessário”.(1) A questão é que, em uma sociedade consumista, poucos se contentam com o necessário, por isso não há distinção entre consumismo e materialismo. Na questão 799 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga: “de que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?”. A resposta é categórica: “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade (...)”

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Assim aprendi


       Um dia aprendi a diferença
                   entre ser e ter
 
    
                     
      Aprendi que,por pior que seja
                       um problema ou uma situação,
              sempre existe uma saída.                                   Aprendi que,é bobagem fugir
                  das dificuldades. Mais cedo
                         ou mais tarde, será preciso tirar
                 as pedras do caminho para
    conseguir avançar.                     Aprendi que,perdemos tempo
                  nos preocupando com fatos
                    que muitas vezes só existem
na nossa mente.
                     Aprendi que, e necessário um
                  dia de chuva, para dar valor
                   ao Sol. Mas se ficar exposto
                 muito tempo, o Sol queima.
                   Aprendi que , heróis não são
                    aqueles que realizaram obras
                    notáveis.  Mas os que fizeram
                           o que foi necessária e assumiram
                          as conseqüências dos seus atos.
                   Aprendi que, não vale a pena
                      se tornar indiferente ao mundo
e as pessoas.                        Vale menos a pena, ainda, fazer
                         coisas para conquistar migalhas
de atenção.                  Aprendi que, não importa em
                     quantos pedaços meu coração
já foi partido.                      O mundo nunca parou para que
           eu pudesse conserta-lo.
                    Aprendi que, ao invés de ficar
                             esperando alguém me trazer flores,
                e melhor plantar um jardim.
                       Aprendi que, amar não significa
        transferir aos outros a
                        responsabilidade de me fazerem
                               feliz. Cabe a mim a tarefa de apostar
                      nos meus talentos e realizar os
meus sonhos.                         Aprendi que, o que faz deferência
                     não é o que tenho na vida, mas
                          QUEM eu tenho. E que, boa família
              são os amigos que escolhi.
                  Aprendi que, as pessoas mais
                         queridas podem as vezes me ferir.
                            E talvez não me amem tanto quanto
                            eu gostaria, o que não significa que
                        não me amem muito, talvez seja o
                       Maximo que conseguem. Isso e o
                     mais importante.                       Aprendi que, toda mudança inicia
                      um ciclo de construção.
                          Se você não se esquecer de deixar 
                   a porta aberta. 
                               Aprendi que, o tempo 
é muito precioso
                   e não volta atrás. Por isso, não
                     vale a pena resgatar o passado.
                   O que vale a pena é construir o
                  futuro.
                   O meu futuro ainda esta por vir.
              Foi, então, que aprendi que,
                  devemos descruzar os braços,
                  vencer o medo de tentar partir
                  atrás dos sonhos.
                    vida tem valor e você tem valor
                   diante da vida.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Casamento perfeito

Ouço, desde pequeno, espíritas de nome, renome ou anônimos, pronunciarem dignos e justos elogios à católica Madre Tereza de Calcutá, pois ela preferiu ajudar criaturas, que viviam na mais profunda e dolorosa miséria, a viverem e sobreviverem com um mínimo de dignidade e respeito humano, do que simplesmente ser apenas e tão-somente mais uma freira. Ouço também falarem e escreverem sobre Albert Schweitzer, protestante prestigiadíssimo por seus dons artísticos,médicos e literários, mas que em nossas palestras irrompe como o valoroso homem repleto de dignidade humana a ajudar pessoas a igualmente viverem e sobreviverem em meio às misérias do cotidiano, sem dar muita importância ao rótulo de a que religião se ligava. Quem não ouviu, soube e até repete exemplos comovedores do hindu Ghandi, que em lugar de se dizer dessa ou daquela religião preferiu libertar seu povo sem um único gesto de violência, fazendo com que seu exemplo e sua vida fossem maiores do que os vínculos que lhes pudessem ou quisessem imputar. E como esses, tantos outros personagens a se destacarem ante a humanidade como exemplos grandiosos de criaturas de bem, sem que seus rótulos digam mais ou menos do que seus feitos...
Em nosso meio espírita, personalidades grandiosas assim tem sido vistas, compreendidas e até divulgadas não pelos seus vínculos a igrejas ou dogmas, mas pelo que verdadeiramente fazem em nome do Bem. Que ótimo que seja assim, afinal fica demonstrado que reconhecemos os valores das ações sem nos determos ante as aparências.
Mas...Infelizmente, quando se trata de trabalhador espírita encarnado, o tratamento não é semelhante; não se costuma ter-se a mesma visão límpida para com o bem realizado por ele, seja em que área for.
Nosso querido Chico Xavier, hoje uma unanimidade mundial, sofreu horrores por conta dos “preservadores da pureza doutrinária”, já que, na opinião daqueles, ele infestava o Espiritismo de “novidades” impuras. Hernani Guimarães Andrade, nosso mais expressivo nome em termos de ciência e verdadeiro aprofundamento das bases científicas do Espiritismo, sofreu perseguições cruéis, injustas, mesquinhas, mas que agora, desencarnado, é louvado até pelos que antes o detrataram. Peixotinho, grande médium de materializações do nosso passado recente, hoje é lembrado com saudade, respeito e admiração, mas durante seu exercício mediúnico, conforme me contou minha mãe, a senhora Dagmar Melo, foi quase que execrado publicamente, por ser apontado como mistificador.
Hoje, de uma forma mais generalizada e partindo de onde deveriam surgir os ensinamentos da vivência fraterna, amiga, humana e cristã, assistimos a um espetáculo de duvidoso e péssimo gosto: o de se descobrir quem é e quem não é espírita. Pior ainda é que junto com esse desarrazoado vem o julgamento do que é e o do que não é Espiritismo.
No que parece ser a tônica vigente, quem é espírita não deve apenas ser o que dele preconizou Allan Kardec: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más”, tal como se encontra, devidamente por ele grifado, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 17, item 4. Espírita, pelo que percebemos na atualidade, é aquele que segue as normas ditadas por alguém ou alguma instituição que se diz defensora da Pureza Doutrinária. E aí, nessa defesa, cabe praticamente tudo: desde o desconhecimento, o desrespeito e a afronta contra a própria obra de Allan Kardec até os limites que diretores e diretorias acham por bem implementar, seja como fruto de suas “experiências”, seja como orientação de seus guias – que parece também desconhecem a Obra de Allan Kardec.
A alegação é eloquente: “estamos com Jesus Cristo” enquanto os outros “são elementos das trevas, indivíduos do mal que aqui vieram apenas para destruir a pureza de nossa doutrina”.
Surge então um fato novo; novo e repugnante: o Magnetismo não tem nada a ver com o Espiritismo. Dizem: são novidades que estão querendo impor à “santa Doutrina”,com o visível propósito de desvirtuar nosso movimento.
Parece não ter adiantado muito Allan Kardec ter apresentado a indissociável ligação entre o Espiritismo e o Magnetismo como chave para resolver o que é possível do impossível, o que não passa de ridícula crendice. A isso ele se reportou muitas vezes, mas, para um mero acompanhamento cronológico, na questão 555 de O Livro dos Espíritos (1857) ele apresenta, de forma inequívoca, a ligação entre as duas ciências. Na Revista Espírita de março de 1858, um ano após, portanto, ele volta a referendar sua visão, opinião e segurança a respeito da união inseparável das duas ciências gêmeas – Espiritismo e Magnetismo. E novamente na Revista Espírita, agora de janeiro de 1869, portanto dois meses antes de desencarnar, ele nos brinda com o seguinte: “O magnetismo e o Espiritismo são, com efeito, duas ciências gêmeas, que se completam e se explicam uma pela outra, e das quais aquela das duas que não quer se imobilizar, não pode chegar a seu complemento sem se apoiar sobre a sua congênere; isoladas uma da outra, elas se detêm num impasse; elas são reciprocamente como a física e a química, a anatomia e a fisiologia”. Chega a parecer que o codificador do Espiritismo queria deixar muito claro que em momento algum mudou de opinião acerca do vínculo entre essas duas alavancas da humanidade. E parece que os defensores da pureza doutrinária não estão conseguindo ver isso. Portanto, vem a pergunta:
O que foi que fizemos com o Magnetismo?
A primeira coisa, de ordem prática, foi trocar-lhe o nome: Magnetismo (com M maiúsculo) por passes. Ou seja, permutamos a Ciência em si pela simples referência a um dos seus métodos, uma técnica, um veículo de exteriorização de fluidos. Agora, quando qualquer estudante interessado quer entender passes, não tem como encontrar apoio na obra de Allan Kardec, pois ele não tratou do assunto com esse nome, passe; para ele, isso é e sempre será uma ciência chamada Magnetismo. E, pasmem todos que refletirem, esse está sendo um granliquente argumento dos defensores da pureza doutrinária: o passe nada tem a ver com o magnetismo, portanto, ele não é magnetismo, logo, ele deve ser simples como um único gesto, pois quem cura são os Espíritos e não os homens.
Meu Deus! Aonde chegaremos seguindo esse caminho?!
Não quero usar isso como comparação, mas fica inevitável me lembrar de que a chamada “Santa Inquisição”, evento que se transformou no maior exercício de perseguição e morte, de injustiça e maldade, de despotismo e prepotência que nossa civilização viveu, todo ele foi realizado em nome de Jesus, em nome da defesa da pureza de seu Evangelho – pelo menos isso foi o que alegou seus deflagradores, administradores e executores.
Este assunto, bem se percebe, não pode ser tratado de forma pequena. Por isso mesmo, não quero tratá-lo apenas envolvido na emoção, mas bem firmado da razão. Para tanto, vou me permitir transformá-lo numa série de artigos, os quais farei publicar em minha página (www.jacobmelo.com) bem como nos sites e blogs de amigos e estudiosos que se interessarem em conhecer o que está ocorrendo no atual movimento espírita e como eu vejo e o que estou fazendo ou procurando desenvolver para que não nos afastemos nem de Jesus nem de Kardec, nem do Bem, nem da obrigação de servir e amar com eficiência e qualidade.
Até breve e, se possível, me dêem suas opiniões e críticas, para que juntos analisemos o que precisa ser conhecido e corrigido, a fim de que o amanhã não nos seja tão pesado.

Por Jacob Melo 14 de Agosto 2011

domingo, 14 de agosto de 2011

Gravidez abdominal intraligamentar avançada


Gravidez abdominal intraligamentar avançada - relato de caso
Suzane Holzhacker; Júlio Elito Junior; Renato Martins Santana; Wagner Hisaba


Introdução
A gravidez intraligamentar é uma forma rara de gravidez ectópica com incidência reportada de uma em 245 gestações ectópicas8. Geralmente, resulta da penetração trofoblástica de uma gravidez tubária através da serosa para a mesossalpinge, com implantação secundária entre as folhas do ligamento largo5. A placenta ocupa, em geral, um lugar mais cranial em relação ao feto e pode invadir o espaço intraligamentar, ovário, útero, omento, peritônio pélvico e vísceras adjacentes8.
Alguns fatores de risco citados são idade avançada, raça não-branca, cirurgia pélvica pregressa, história de infertilidade, história de doença inflamatória pélvica, gestação ectópica ou endometriose prévia6.
Os sinais que podem sugerir uma gestação abdominal são sangramento vaginal anormal, dor abdominal, movimentos fetais dolorosos, fácil palpação das partes fetais, náusea e vômito excessivos, evidência de restrição de crescimento intra-uterino, oligoâmnio e falha de resposta à ocitocina ou prostaglandina2. As principais complicações antenatais incluem dor abdominal, ruptura do saco gestacional com hemorragia para a cavidade peritoneal, sangramento vaginal, apresentação anômala, insuficiência placentária e óbito fetal6.

Relato de Caso
Paciente de 20 anos, parda, casada, primigesta, é transferida de outro hospital com o diagnóstico de gravidez ectópica abdominal. Paciente com antecedente de infertilidade, apresentou quadro clínico de forte e súbita dor no hipogástrio com 10 semanas de idade gestacional. Evoluiu com dor contínua no hipogástrio, sendo identificada gestação tópica e oligoâmnio absoluto no último ultra-som. Foi realizado novo exame, sendo identificada prenhez abdominal parauterina direita, feto com biometria de 16 semanas, placenta inserida no mesossalpinge e oligoâmnio severo.
A paciente foi transferida para este serviço com 18 semanas, sendo realizada complementação diagnóstica. Ao exame físico, PA: 100x70 mmHg, FC: 84 bpm, corada, palpando-se no abdome uma tumoração em hipogástrio até cicatriz umbilical, móvel e pouco dolorosa. No toque vaginal, notava-se abaulamento de fundo de saco posterior e lateral direito e o colo voltado para parede vaginal lateral direita. Ao ultra-som, visibilizava-se placenta com proximidade à artéria íliaca direita e feto com batimentos cardíacos, mas com deformidades estruturais ósseas, além da ausência de líquido amniótico. Foi realizada ressonância magnética (Figura 1), que confirmou gestação ectópica abdominal, observando-se placenta na parede anterior do abdome, na região umbilical, estendendo-se lateralmente para a direita e caudalmente. Na avaliação fetal, demonstrado dolicocefalia, sinais de hipertelorismo e feto em posição de hiperflexão.


Conforme prognóstico fetal reservado e possibilidade de grande proximidade da placenta aos vasos ilíacos e, conseqüentemente dificuldade intra-operatória na retirada da placenta, foi realizada arteriografia (Figura 2), com o objetivo de avaliar inserção da placenta. Visualizado ramo da artéria ilíaca interna direita nutrindo a placenta ectópica. Realizada embolização com gelfoam e coils, resultando em trobose parcial da artéria, reenchida distalmente por colaterais.


Realizado preparo intestinal e posteriormente laparotomia exploradora (Figura 3) sendo realizado diagnóstico de gravidez intraligamentar. Após lise de aderências, de omento e de apêndice, realizada ligadura dos vasos do infundíbulo que nutriam a massa, sendo completado o procedimento com a remoção do anexo direito (salpingooforectomia direita), apendicectomia (massa aderida ao apêndice) e do feto. O feto pesou 250 gramas, não havia sinais de vitalidade ou evidências de malformações, apenas uma deformidade do membro inferior esquerdo com pé flexionado (Figura 4).





O resultado anatomopatológico foi de gravidez ectópica abdominal secundária caracterizada por placenta com implantação na parede tubária e peritônio. Identificada área de hematoma em organização com necrose do tecido placentário, adjacente à implantação tubária e às margens de ressecção cirúrgica consistente com sítio de ruptura. Demonstradas aderências peritoneais com decidualização da subserosa envolvendo apêndice cecal, ligamento redondo, mesossalpinge e vasculatura do infundíbulo pélvico.
A evolução de pós-operatório foi adequada, houve queda de 1 mg/dl de hemoglobina, não sendo necessária transfusão sangüínea. A paciente recebeu imunoglobulina anti-D por possuir tipagem sanguínea tipo O negativo e coombs indireto negativo. Evoluiu com negativação dos títulos de β-hCG. Realizou histerossalpingografia após três meses da intervenção, demonstrando permeabilidade tubária esquerda e cavidade uterina normal.

Discussão
A gravidez intraligamentar é limitada anteriormente e posteriormente pelos folhetos do ligamento largo, medialmente pelo útero, lateralmente pela parede pélvica e inferiormente pelo músculo levantador do ânus8. Baseado no quadro relatado, a patogênese da gravidez abdominal neste caso foi de implantação secundária a gestação tubária. No nosso caso, o diagnóstico de gravidez intraligamentar foi realizado no intra-operatório, confirmando que este diagnóstico é raramente definido antes da intervenção cirúrgica6.
Durante o ato operatório, a placenta deve ser preferencialmente removida, para diminuir risco de peritonite, abscesso, coagulação intravascular disseminada e doença trofoblástica persistente2. Nas outras formas de gestação abdominal, a placenta pode ser de difícil remoção, podendo ser mantida para posterior ressecção caso necessária, mas na gestação intraligamentar costuma ser mais facilmente removida5.
O objetivo da realização da arteriograia foi definir a proximidade da placenta aos vasos pélvicos, prever possíveis complicações durante a remoção da placenta e embolizar ramos que nutriam a placenta. Assim, como neste caso descrito, a embolização pré-operatória da vasculatura da placenta pareceu limitar a perda de sangue no intra-operatório e prevenir hemorragia pós-operatória no caso de gravidez abdominal descrito por Cardosi1. O controle da hemorragia demonstra a importância da arteriografia e embolização anterior à cirurgia.
Em relação à mortalidade, há poucos casos para definir quanto à gestação intraligamentar, mas a gravidez abdominal apresenta risco de mortalidade 7,7 vezes maior que a gestação tubária e 90% maior que a gestação intra-uterina4. Desta forma, demonstra-se a importância do exame ultra-sonográfico minucioso de primeiro trimestre para identificar saco gestacional intra-uterino. A abordagem dos casos de gestação abdominal deve ser realizada preferencialmente em centros terciários, acompanhado por uma equipe multiprofissional (tocoginecologista, cirurgião geral e radiologia intervencionista).
A gravidez intraligamentar é condição de alta morbi-mortalidade materna, sendo imperativo para um desfecho favorável uma avaliação pré-operatória e técnica cirúrgica adequadas.

Referências
1. Cardosi RJ, Nackkley AC, Londono J, Hoffman MS. Embolization for advanced abdominal pregnancy with a retained placenta. A case report. J Reprod Med. 2002 Oct; 47(10):861-3.         [ Links ]
2. Farag GE, Ray S, Ferguson A. Surgical packing as a means of controlling massive haemorrhage in association with advanced abdominal pregnancy. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol. 2003 Jul 1; 109(1):106-7.         [ Links ]
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4. Martin JN, Sessums JK, Martin RW, Pyror JA, Morrison JC. Abdominal pregnancy: current concepts of management. Obst Gynecol. 1988 (71): 549-57.         [ Links ]
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Trabalho realizado pelo Departamento de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

- A mulher adúltera (Jo.8,1-12)

- A mulher adúltera (Jo.8,1-12)

Nordestina sim e daí??????????



VERGONHA QUE NÃO TENHO DE SER NORDESTINA
Sheila Raposo - Jornalista
Cultivado entre os cascalhos do chão seco e as cercas de aveloz que se perdem no horizonte, cresceu, forte e robusto, o meu orgulho de pertencer a esse pedaço de terra chamado Nordeste.
Sou nordestina. Nasci e me criei no coração do Cariri paraibano, correndo de boi brabo, brincando com boneca de pano, comendo goiaba do pé e despertando com o primeiro canto do galo para, ainda com os olhos tapados de remela, desabar pro curral e esperar pacientemente, o vaqueiro encher o meu copo de leite, morninho e espumante, direto das tetas da vaca para o meu bucho.
Sou nordestina. Falo oxente, vôte e danou-se. Vige, credo, Jesus-Maria e José! Proseio com minha língua ligeira, que engole silabas e atropela a ortoépia das palavras. O meu falar é o mais fiel retrato. Os amigos acham até engraçado e dizem sempre que eu “saí do mato, mas o mato não saiu de mim”. Não saiu mesmo! E olhe: acho que não vai sair é nunca!
Sou nordestina. Lambo os beiços quando me deparo com uma mesa farta, atarracada de comida. Pirão, arroz-de-festa, galinha de capoeira, feijão de arranca com toucinho, buchada, carne de sol... E mais uma ruma de comida boa, daquela que, quando a gente termina de engolir, o suor já está pingando pelos quatro cantos. E depois ainda me sirvo de um bom pedaço de rapadura ou uma cumbuca de doce de mamão, que é pra adoçar a língua. E no outro dia, de manhãzinha, me esbaldo na coalhada, no cuscuz, na tapioca, no queijo de coalho, no bolo de mandioca, na tigela de umbuzada, na orêa de pau com café torrado em casa!
Sou nordestina. Choro quando escuto a voz de Luiz Gonzaga ecoar no teatro de minhas memórias. De suas músicas guardo as mais belas recordações. As paisagens, os bichos, os personagens, a fé e a indignação com que ele costurava as suas cantigas e que também são minhas. Também estavam (e estão) presentes em todos os meus momentos, pois foi em sua obra que se firmou a minha identidade cultural.
Sou nordestina. Me emociono quando assisto a uma procissão e observo aqueles rostos sofridos, curtidos de sol do meu povo. Tudo é belo neste ritual. A ladainha, o cheiro de incenso. Os pés descalços, o véu sobre a cabeça, o terço entre os dedos. O som dos sinos repicando na torre da igreja. A grandeza de uma fé que não se abala.
Sou nordestina. Gosto de me lascar numa farra boa, ao som do xote ou do baião. Sacolejo e me pergunto: pra quê mais instrumento nesse grupo além da sanfona, do triangulo e da zabumba? No máximo, um pandeiro ou uma rabeca. Mas dançar ao som desse trio é bom demais. E fico nesse rela-bucho até o dia amanhecer, sem ver o tempo passar e tampouco sentir os quartos se arriando, as canelas se tremelicando, o espinhaço se quebrando e os pés se queimando em brasa. Ô negócio bom!
Sou nordestina. Admiro e me emociono com a minha arte, com o improviso do poeta popular, com a beleza da banda de pífanos, com o colorido do pastoril, com a pegada forte do côco-de-roda, com a alegria da quadrilha junina. O artista nordestino é um herói, e nos cordéis do tempo se registra a sua história.
Sou nordestina. E não existe música mais bonita para meus ouvidos do que a tocada por São Pedro, quando ele se invoca e mete a mãozona nas zabumbas lá do céu, fazendo uma trovoada bonita que se alastra pelo Sertão, clareando o mundo e inundando de esperança o coração do matuto. A chuva é bendita.
Sou nordestina. Sou apaixonada pela minha terra, pela minha cultura, pelos meus costumes, pela minha arte, pela minha gente. Só não sou apaixonada por uma pequena parcela dessa mesma gente que se enche de poderes e promete resolver os problemas de seu povo, mentindo, enganando, ludibriando, apostando no analfabetismo de quem lhe pôs no poder, tirando proveito da seca e da miséria para continuar enchendo os próprios bolsos de dinheiro.
Mas, apesar de tudo, eu ainda sou nordestina, e tenho orgulho disso. Não me envergonho da minha história, não disfarço o meu sotaque, não escondo as minhas origens. Eu sou tudo o que escrevi, sou a dor e a alegria dessa terra. E tenho pena, muita pena, dos tantos nordestinos que vejo por aí, imitando chiados e fechando vogais, envergonhados de sua nordestinidade. Para eles, ofereço estas linhas.